Todo anime, pelo menos os de qualidade, precisam de alguma coisa que os inspirem, de alguma referência. Como o Japão é o maior exportador de desenhos com olhos puxados para o mundo, a maioria deles tem referência a cultura do próprio país – mesmo em alguns países ocidentais não as respeitando – e que servem de base para a sustentação do enredo, em alguns casos. Mas isso não impede que outros países sirvam de base para histórias, e o Brasil com sua cultura tão rica não poderia ficar de fora dessa conta ora, pois! Resolvi dar uma estudada nos meus arquivos para fazer essa lista, e para filtrar mais, referências do tipo “bandeira nacional em eventos esportivos nos animes” serão riscadas da lista, e infelizmente vou dividir em duas partes. Vamo nessa?

Michiko to Hatchin: Uma das mais lindas das homenagens a terrinha tupiniquim. Na verdade nem sei por que nunca falei dele aqui no blog, mas isso mudará em breve. A maioria de vocês nem deve conhecer o anime, que para os padrões é um pouco velho (de 2008) mas que é nitidamente baseado no Brasil. O anime se passa em um cenário tipicamente brasileiro, com favelas, praias, a tela de transição da metade do episódio é uma imagem de uma das favelas do Rio de Janeiro, e o melhor de tudo: o nome dos prédios, bancos, bares e tudo mais é escrito em português! E português brasileiro! Mesmo com alguns erros de concordância, mas a grafia é perfeita. O anime tem como base a história da assassina fugitiva de uma penitenciária de segurança máxima Michiko Malandro (o porque da mistura de nomes eu não sei, mas ficou legal). Depois da fuga ela seqüestra uma garotinha chamada Hana, que morava com um padre e sofria abuso sexual dos filhos do padre. Mesmo sem saber o porquê Michiko a seqüestrou, ela resolve acompanhá-la pelo Brasil.

Cavaleiros do Zodíaco: Se eu não citasse essa referência a nossa terra vocês poderiam me dar um tiro, sério. Como deixar passar o anime mania das crianças que hoje já são casados e pais de família? Eu ainda assisto CDZ constantemente e sei o nome de todos os cavaleiros de ouro, os principais de bronze e alguns de prata, que junto com os de bronze eram muitos. Mas como deixar passar o mais poderoso (fisicamente, é claro) dos cavaleiros de ouro do santuário de Athena, Aldebaran de Touro? Além de ter treinado e recebido a armadura em terras tupiniquins, acredita-se que isso seja apenas pelo fato do Brasil ser um dos maiores consumidores de carne bovina do mundo. Mas o que eu não entendo é como um típico brasileiro como Aldebaran desistiria de lutar depois de ser “humilhado” e ter o seu chifre quebrado?

Hayate no Gotoku: Um anime desconhecido no Brasil (até aonde eu sei) e que tem como tema mordomos. O anime conta com algumas referências ao Brasil e todas bem engraçadas. A primeira é uma conversa entre duas personagens da série, Sakuya e Isumi, onde a primeira diz existir um país misterioso do outro lado do mundo chamado Brasil e que existe uma linha do metrô que liga Tóquio e o Rio de Janeiro. Isumi cai na conversa da amiga e passa o resto do episódio todinho dentro do trem se perguntando quanto tempo falta para chegar ao Brasil... Outra referência fica por conta do mordomo-chefe da casa, Klaus, que sonha estar aposentado plantando café na sua fazenda, aonde? No Brasil! Perto do final do anime (que tem 50 episódios), o personagem Hayate consegue a lendária roupa de mordomo, que é tipo uma armadura de ouro. A mesma foi encontrada na floresta amazônica, era pra ser de uma civilização americana e tem cara de quem veio do Egito, mas tudo bem. Ainda perto do final, o protagonista Hayate sobe em um navio onde outro mordomo diz que o mesmo está indo em direção a terras brasileira.

Gundam 00: O meu anime de mechas gigantes preferido não poderia ficar de fora dessa conta de jeito nenhum. No mundo de Gundam, o mundo é dividido em 3 grandes blocos econômicos, UNION (que tem EUA, Américas e o Japão), AEU (que é praticamente a União Européia) e Jinkakuren (que tem a China, Rússia e outros países da Ásia). Os três lutam mais do que Tom e Jerry pela supremacia mundial, e para apaziguar a situação, uma organização militar que não pertence a nenhum bloco, chamada de Celestian Being resolveu entrar na briga. O diferencial é que ela possui os Mobile Suit, no caso, os mechas gigantes que são muito legais. Tudo gira em torno da energia solar, onde tubos gigantes levam a energia solar de satélites até a base dos blocos. A referência ao Brasil fica por conta da independência da Venezuela fictícia (que se chama Taribia) do bloco UNION, fazendo os mechas se moverem. Uma das integrantes da Celestial Being fala sofre uma nova leva de Mobile Suit prontos, aonde? No Brasil! E pelo menos aqui os mechas brasileiros são melhores que os americanos. Tá bom ou quer mais?  

Capitain Tsubasa/Super Campeões: Outro anime símbolo no Brasil. Além de ter como base o esporte símbolo do nosso país, é conhecido pelo seus campos de futebol intermináveis. A história gira em torno de Oliver Tsubasa – só no Brasil, porque no Japão é Ozora Tsubasa – que sonha em jogar a copa do mundo pelo Japão. Com um tema desses, não falar do Brasil é até pecado. A referência vem com Roberto, um bêbado brasileiro que mais tarde descobre-se ser o ex-camisa 10 da seleção brasileira. Mais tarde, Tsubasa passa a jogar em solo verde-amarelo e vai jogar em que time? Quem falou Corinthians errou, porque o japinha vai jogar no São Paulo (mas só na primeira versão, na versão da Cartoon Network de 2002 ele vai jogar no Brancos) e enfrenta o todo poderoso Carlos Santana, atacante do Flamengo  (que na segunda versão passa a se chamar Domingos). O que importa é a referência.

Rozen Maiden: Todo mundo que mora no Brasil ou que pelo menos mora na Terra a pelo melo menos 25 anos sabe quem é o grande Ayrton Senna. Um dos maiores ídolos do esporte brasileiro, maior piloto de fórmula um da história do país, que esse ano completou 20 anos desde o trágico acidente no circuito de Imola, sempre será lembrado. E no Japão não poderia ser diferente, até porque na época da morte de Senna, a Willians era parceira da Honda, e como os olhos puxados nunca foram gênios na Fórmula 1, eles adotaram Ayrton Senna como ídolo. Em um anime que não tem nada a ver com automobilismo os nossos amigos de olhos puxados mostraram o carinho que tem por nosso ídolo. Em uma série, que acreditem, trata de bonecas, existe um pôster de Ayrton Senna no quarto do personagem principal. Não tem nem como não ver o pôster. É singela, mas uma linda homenagem ao Brasil.

Pokémon: Se você tem mais de 18 anos com certeza se lembra da estréia do primeiro filme de Ash e companhia nos cinemas. Se você foi pelo card game exclusivo ou pelo filme em si eu não sei, só sei que eu fiquei muito triste com o ataque do Mewtwo bolado ao nosso amigo que nunca cresce. Na época, o tão glorificado Mewtwo, chamado de “o Pokémon mais poderoso do mundo” foi motivo de orgulho para nós, já que Mew, que serviu de cobaia para a evolução artificial, foi encontrado da Floresta Amazônica. Hoje em dia, com mais de 600 pokémons e com as novas evoluções X e Y, todo mundo sabe que o Mewtwo não bota tanto medo assim, mas o que vale é sempre lembrar o Brasil. 

Essas foram algumas das referências, mas as próximas só na segunda parte da resenha, porque essa chegou ao fim. Se souber de mais alguma referência que não está na resenha mande pelos comentários!